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Como ter mais mulheres à frente de startups? Mais investidoras e sororidade

Apenas 8,3% das 12 mil startups mapeadas pela Distrito tem quadros societários formados só por mulheres. Por outro lado, 66,5% têm apenas homens




Atualmente, 9,3 milhões mulheres (34% do total de empreendedores formais e informais do país) estão à frente de um negócio no Brasil. Mesmo na chamada nova economia o ambiente é marcadamente masculino. Em apenas um terço das 12 mil startups mapeadas pela empresa de inovação aberta Distrito no país há mulheres como parte do quadro societário, no papel de fundadoras, funcionários com ações ou mesmo investidoras. Além disso, 66,5% dessas empresas têm apenas homens como sócios, enquanto 8,3% têm o quadro societário formado estritamente por mulheres.

Entre as fintechs, as startups que mais se destacam na América Latina, o cenário desafiador se repete: 90% dos empreendedores são homens; 7%, mulheres, conforme a pesquisa Fintech Deep Dive, realizada pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), em parceria com a PWC

Dois movimentos em ascensão no Brasil podem ajudar a mudar essa realidade. O primeiro diz respeito aos negócios sociais, coletivos e associações dedicados a incentivar e a capacitar as mulheres para o empreendedorismo. O segundo movimento acontece no âmbito dos investimentos e com uma lógica bastante simples: com mais investidoras apostando em empreendedoras, o ecossistema de inovação brasileiro, o mais maduro da América Latina, pode ficar cada dia menos masculino.


Para romper a barreira do acesso ao investimento, Rita Spina – irmã de Cassio Spina, ambos fundadores da Anjos do Brasil – criou o movimento Mulheres Investidoras Anjo (MIA) junto com Ana Fontes e Camila Farani. A iniciativa já conta com 120 investidoras que aplicam recursos preferencialmente em empreendimentos comandados por mulheres.

“O objetivo é oferecer mais opções de investimento por parte das mulheres, já que 95% dos investidores são homens, que acabam investindo em empreendimentos liderados por homens brancos de classe média alta, no chamado viés inconsciente. Fazemos um trabalho educacional explicando o que é o ambiente de investimento-anjo. Passados cinco anos, ficou claro que investir em negócios de mulheres é viável”, explica Camila Farani. 

Apostar em negócios liderados por mulheres também significar investir com um senso de propósito. “A coisa mais marcante no perfil das mulheres empreendedoras é a força motriz que as rege: uma necessidade real de cuidar da família. Hoje 48% das microeempreendedoras criaram sua empresa por necessidade ante 37% entre os homens”, observa Mariana Deperon CEO da consultoria Tree Diversidade, que ajuda companhias a construir ambientes mais diversos e inclusivos.

A empresa foi criada em 2017 por Mariana e Letícia Rodrigues. “Sabemos que tudo começa com uma sensibilização, com uma palestra – em 2019 atingimos mais de 2 mil pessoas beneficiando 674 mulheres. Mas as organizações não podem nem devem ficar apenas com essas ações”, salienta Mariana.


O fundo que apoia mulheres com aportes de até R$ 5 milhões

Outras empresas que apoiam o ecossistema de inovação também começam a despertar para a necessidade de mais diversidade nas organizações. A Microsoft Participações, holding brasileira de investimentos da Microsoft, é uma delas. No ano passado, a empresa criou, em conjunto com Sebrae Nacional, Bertha Capital e Belvedere, a iniciativa Women Entrepreneurship (WE), engloba o fundo WE Ventures, com R$ 50 milhões disponíveis para investimento em startup que tenham mulheres como sócias, com pelos 20% de participação societária, e a organização de fomento e capacitação WE Impact


“Já havíamos criado um fundo de capital semente em 2014, mas nos demos conta de que as 15 empresas apoiadas não tinham uma sócia mulher”, explica Franklin Luzes, vice-presidente da Microsoft Participações.

Nesta quinta-feira (12), a WE anunciou seus dois primeiros investimentos: Pack ID, uma startup cuja tecnologia ajuda empresas da cadeia de distribuição de alimentos a monitorar temperatura e umidade em tempo real, reduzindo perdas e custos; e a WE Impact em si, que será o veículo do fundo para investimento estratégico em capital, por meio de seu programa de desenvolvimento de startups.

Também nesta quinta-feira, a WE anunciou as quatro primeiras startups a receber aportes, entre R$ 50 mil e R$ 500 mil: Dinie, Afinando o Cérebro, Exemplaria Solutions e AI Robots.


As mulheres que conseguiram furar o bloqueio do acesso ao capital


O LABS conversou com algumas mulheres à frente de startups no Brasil. Mesmo entre aquelas que conseguiram estruturar seus negócios e convencer investidores e investidoras a apostar nelas, é clara a ideia de que muito ainda precisa ser feito para que o mercado seja mais diverso e mais aberto às lideranças femininas.


“Apenas 15,6% das startups têm mulheres entre suas fundadoras. É preciso mudar esse cenário por dentro, garantindo igualdade de gênero nos negócios. Nossa equipe já foi formada com 80% de mulheres”, defende Melissa Felipe Gava, CEO da Mediação Online – MOL, startup que oferece a negociação mediada por meios digitais de resolução de conflitos entre pessoas, empresas e instituições como alternativa à Justiça comum. 

A empresa foi fundada em 2015 por Gava e Camilla Feliciano Lopes, hoje COO da startup. Ao longo de sua trajetória, a MOL recebeu investimentos de fundos como Wayra, 500 Startups, Canary e Redpoint e.ventures. Empresas Itaú, Magazine Luiza, Mercado Livre fazem parte do portfólio da MOL.

A Agrorigem, fundada em 2019 por Daniele Alkmin Carvalho Mohallem, é outro exemplo de startup brasileira que decidiu desbravar um mercado predominantemente masculino. Por meio de uma plataforma digital de venda de café, faz a conexão entre produtores rurais e compradores de cafés especiais.

“Vislumbrei, em um único ambiente virtual, a possibilidade de sanar duas dores: a necessidade de maior remuneração do produtor e o desejo dos compradores dos grãos de cafés especiais acessarem inúmeros produtores, comprando direto da origem”, explica Daniele. Ela destaca a dificuldade de introduzir inovação num mercado predominantemente masculino.






" Em muitos momentos, sinto que precisamos explicar todo nosso currículo para sermos reconhecidas e respeitadas"

- Daniele Alkmin Carvalho Mohallem, da Agrorigem










Paula Gomez e Hilda Cerdeira fundaram em 2015 a Epistemic, startup do Cietec voltada para o tratamento de epilepsia. A empresa desenvolveu um dispositivo wearable capaz de prever crises epilépticas; um aplicativo para o paciente anotar os detalhes de suas crises; e uma plataforma web para médicos acessarem os dados do paciente através de diferentes gráficos e relatórios. Os sinais de eletroencefalograma coletados pelo dispositivo wearable também poderão ser vistos na plataforma do médico.


“Até agora fizemos investimento próprio, e tivemos apoio de fomento da FAPESP (PIPE 1 e 2) e do CNPq, além de termos vencido cinco prêmios. Obter financiamento é sempre é difícil. Mas vai ficando mais fácil quando se conhece as regras do jogo. A parceria com o Cietec, entidade gestora da Incubadora USP/IPEN-Cietec, nos ajudou muito com estas orientações”, explica Gomes, CEO da Epistemic.


A Cash–in, uma das startups selecionadas para fazer parte da iniciativa WE citada mais acima, foi fundada em 2018 por Nani Gordon e Luciana Ramos. A startup desenvolveu uma solução de pagamentos de incentivos e bonificações no mercado corporativo, tanto para funcionários efetivos quanto terceirizados. “Com a plataforma, o beneficiário escolhe como usar os seus créditos”, explica Nani Gordon, CEO da Cash.in. A empresa recebeu investimento-anjo e começou a operar efetivamente em 2019.

No fim do ano passado, ganhou a Comet Competition, competição entre startups da Ingram Micro Brasil, na qual era a única startup liderada por mulheres. A empresa saiu de lá com o primeiro lugar e US$ 100 mil. Depois de conquistar grandes clientes, a Cash.in planeja agora sua expansão focada em PME’s. Por Carmen Nery Jornalista especializada em TI e telecomunicações Link da matéria original: https://labs.ebanx.com/pt-br/artigos/tecnologia/investidoras-e-sororidade-startups/



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